quinta-feira, 26 de março de 2020

CORONAVIRUS IV - NO COMMENTS


CORONAVIRUS IV – “NO COMMENTS”


Covid-19. Grupo de idosos infetados recebido com pedras e explosivos em transferência de lar em Espanha
A série de incidentes aconteceu na cidade de La Línea de la Concepción, na província de Cádis, no sul de Espanha. De acordo com o relato da polícia, as ambulâncias que transportavam o grupo de idosos foram apedrejadas e um carro atravessou-se no caminho. Mais tarde, houve outros atos violentos que incluíram o arremesso de engenhos explosivos e a queima de contentores

 Um grupo de 28 idosos, despejados de um lar por estarem infetados com o coronavírus covid-19, foi recebido à pedrada em La Línea de la Concepción, na província espanhola de Cádis. Segundo o jornal “El Mundo”, o incidente aconteceu esta terça-feira quando populares se reuniram nos acessos à cidade para tentarem impedir a entrada das ambulâncias que transportavam os pacientes.

De acordo com o relato da polícia, os veículos médicos foram apedrejados e foi necessário escoltá-los. Um carro atravessou-se ainda no caminho das ambulâncias, tendo os seus ocupantes, dois homens de 32 e 25 anos, sido detidos.
A receção violenta não se limitou à entrada na cidade, prossegue o diário. Uma vez chegados à residência onde o governo autonómico da Andaluzia os realojou, os idosos foram cercados por cerca de meia centena de pessoas que ameaçaram tomar medidas se mais infetados chegassem à cidade. A polícia viu-se obrigada a formar um cordão de proteção em torno do edifício.

Durante a noite, foram arremessados vários engenhos explosivos a partir de casas nas imediações da residência. O primeiro deles explodiu na via pública no momento em que vários agentes identificavam dois indivíduos. O segundo foi lançado meia hora mais tarde para o mesmo local. Os engenhos não provocaram ferimentos em nenhum destes casos, refere o “El Mundo”. As autoridades policiais recolheram o que restou dos dois engenhos para procederem à sua análise.
Noutros pontos da cidade, sucederam-se atos de vandalismo que incluíram o incêndio de contentores. A polícia está à procura dos responsáveis.


quarta-feira, 25 de março de 2020

CORONAVIRUS III

CORONAVIRUS III

Esta epidemia, como todas as outras faz ressaltar o melhor e o pior do ser humano.
A par da enorme solidariedade, da abnegação de tantos profissionais, de tanta dádiva que surge, vem todo o lixo que a humanidade produz.
Os espartanos de uma forma mais ou menos ditatorial, matavam à nascença quem fosse imperfeito. Ao longo dos tempos isso deu origem em outras paragens, a genocídios que não há como varrer para debaixo do tapete da história, e que nos envergonham como seres.
O coronavirus, acentuou todo esse lixo.
Quando eu presencio todos os dias, pessoas como Bolsonaro, Trump e alguns outros, envergonho-me, como há muito não acontecia.
Resta dizer que foi o respectivo povo que os colocou lá e que por isso merecem o que se está a passar, mas não é verdade. Nenhum povo merece isso, a não ser que persistam no erro de os manter.
Não vou dizer " je suis brasilien", como aconteceu em França, e que envolveu e beneficiou alguma direita. O que vou dizer é que os povos decididos e corajosos, têm o poder de correr à paulada se for preciso, com esses bandidos.
Fiquem bem.

quinta-feira, 19 de março de 2020

NÃO VOU


NÃO VOU

Quando me dizem, vem por aqui
Não vou, nunca vou
Aproveita a multidão que se desloca
Sigo sozinho com os meus pensamentos
Aguardo o inesperado, ainda que doa
Vem pela claridade do dia
Prefiro a noite vagabunda de estrelas
Onde o adiante não se conhece
A ansiedade do desconhecido e incerto
Vem pelo rumo desta estrada sem fim
Corto pelas veredas e matas adiante
Onde o silêncio nos chama à razão
E pode trazer um sentido para tudo
Vem apoiar esta ideia tão lógica
Nunca o farei
Ao contrário, vou questioná-la
Olhá-la de um lado, do outro e de frente
E provavelmente abandoná-la
Vem para a cidade viver
Como, se eu amo o deserto e os silêncios
E tudo o que é rude e aparentemente insano?
Como, se ainda me servem os sapatos
Com que palmilho todo este chão?
Vem, apoia-te connosco no passado
Não  vou
Que tudo o que eu quero são futuros
Incertos, para construir como me apetece
Com gaviões planando nas alturas
E florestas intocadas por outras mãos
Ao avesso do avesso do estabelecido
Vem partilhar todo o amor que existe
Jamais
Amor não se partilha, apenas se dá
A quem de verdade o souber merecer
E não são assim tantos.
Quando me pedem não dou
Quando me chamam não vou
Vem, sem nós não sobrevives
Não vou, que não quero sobreviver
Quero apenas viver
Com os meus credos e esperanças
E acima de tudo
Longe, muito longe da multidão.

Lobito, Dezembro de 2019

quarta-feira, 18 de março de 2020

CORONAVIRUS II

CORONAVIRUS II

Não parecia possível, mas aconteceu.
Após correr com os médicos cubanos que estavam no Brasil, ajudando em áreas carenciadas, locais remotos que os médicos brasileiros evitavam, numa demonstração clara por parte do governo, de que não necessitavam dos "perigosos comunistas", surgiu a epidemia nossa conhecida.
Num acto da maior desfaçatez, o governo brasileiro, solicitou a Cuba o envio de 5.000 médicos.
Ao que me consta, Cuba nem sequer se deu ao trabalho de responder.
Cabe ao povo brasileiro, tratar das suas feridas, começando pela gangrena do seu "presidente".
Talvez, após isso realizado, possa haver ajuda.

terça-feira, 17 de março de 2020

DESPOLUIÇÃO


Comparativo da emissão de poluentes na cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus.

Só não vê quem não quer!
Apesar de tudo, começa a haver um movimento empresarial, ao arrepio até dos próprios governos, no sentido de utilizar cada vez mais as energias limpas.
Grandes empresas chinesas e norte americanas, começaram a trilhar estes caminhos.
Haja esperança.

segunda-feira, 16 de março de 2020

CORONAVIRUS


CORONAVIRUS

No fim desta epidemia far-se-ão as contas, e eventualmente vai-se aprender muito. Digo eventualmente porque o ser humano é estranho e pleno de ambivalências. O mais provável é que tudo se esqueça, e que se volte à velha e degradada rotina do pré corona.


Em primeiro lugar a solidariedade. Hoje todo o mundo entoa hinos ao pessoal da saúde, e por todo o mundo surgem exemplos fascinantes de voluntariado. Na verdade, fora de qualquer crise, esses mesmos voluntários já existiam e o seu percurso de vida em nada se alterou. Limitaram-se a ser o que sempre foram: profundamente altruístas para com o seu semelhante e para com o planeta. Os outros, a imensa maioria limita-se a aplaudir como sempre fizeram, desde que isso lhes dê alguma notoriedade e possam aparecer nas redes sociais, liderando vanguardismos de caracter mais que duvidoso, e espalhando as “fake news” do costume. Esta é a primeira lição a tirar. Após a crise, aproveitem e mudem o vosso estilo de vida e a vossa maneira de pensar. Sejam cidadãos cooperantes, responsáveis e não peçam nada em troca, nem se tornem visíveis. Aprendam com cubanos e chineses, esses “malditos comunistas” que na hora da verdade estão sempre presentes e solidários. Lembrem aos brasileiros neste momento difícil, que o seu presidente eleito, mandou embora uma legião de médicos cubanos, que trabalhavam nas áreas em que os seus colegas brasileiros não queriam. Lembrem a esse idiota, quantas pessoas nesse Brasil ficaram de repente sem assistência. Lembrem os responsáveis, pelo tremendo aumento de mortalidade infantil nessas mesmas áreas, ainda que seja só para memória futura.


Em segundo lugar as alterações climáticas. Para quem está atento, esta epidemia já fez mais pela mudança climática, que todos os povos juntos nos últimos 50 anos. A redução dos níveis de poluição é absolutamente admirável. Talvez gente como Trump ou Bolsonaro tenham de engolir a quantidade enorme de asneiras que vêm produzindo ao longo dos tempos. Talvez ainda estejamos a tempo de salvar a Amazónia, que na verdade não é apenas dos brasileiros, muito menos daqueles brasileiros que a têm sistematicamente vindo a destruir. Talvez no fim disto tudo, se consiga uma nova ordem mundial no capítulo do clima. Talvez os países comecem a acreditar que o futuro está fundamentalmente no recurso a energias limpas. Mas cabe-nos a nós como povo forçar estas mudanças.


A maneira como os diferentes povos enfrentam esta epidemia diz muito do sistema político de cada região. Se olharmos para a Europa, os sistemas de saúde são abrangentes, na maioria estatais e apesar da solidariedade, são sempre os estados que arcam com a responsabilidade maior dos problemas. Este tipo de estado social, faz parte de um quadro civilizacional evoluído, onde as liberdades, direitos e garantias estão em grande parte assegurados. Ao olhar para o outro lado do Atlantico, vemos um Presidente a anunciar com grande pompa e nenhuma circunstância, que o diagnóstico da doença é grátis.


Nos EUA, o sistema de saúde digno de um estado social prácticamente não existe e o que existe serve bastante mal a classe mais desfavorecida. A preocupação de qualquer família de nível médio prende-se habitualmente com 3 coisas: bom seguro dentário, robustos seguros de saúde e amealhar para mandar os filhos estudar. Em outros países das Américas acontece o mesmo. Se calhar está na altura de pensarem que o famoso, maravilhoso “way of life” é apenas mais uma miragem de um sistema económico que vai acabar por falir. A própria economia, tão baseada no livre empreendedorismo, está hoje dominada por monopólios que combatem ferozmente esse livre empreendedorismo. São degradantes as imagens que nos chegam da classe de pobres e dos que estão abaixo do limiar de pobreza, que existem nos EUA. Como é criminoso o que se está a passar com o problema da habitação. Leiam um livro sobre o assunto, publicado recentemente e que se chama “ os destruidores de lares” (homewreckers – Aaron Glantz – publicado na Amazon). Vão perceber que o núcleo duro do governo, tem vindo a enriquecer de uma forma vertiginosa, usando e destruindo até às fundações o tal dito “way of life”. A acrescentar, os milhares de famílias desalojadas, na maior parte das vezes em bairros inteiros é de etnia afro.


Mas, no final vai haver vacinas, com maior ou menor dificuldade vai-se ultrapassar a crise, durante dois dias vão adorar os heróis desta guerra, e todos ou quase todos voltarão à sua vidinha triste nas redes sociais, esquecendo que por um tempo o coronavírus, lhes veio proporcionar uma vida familiar há tanto tempo esquecida. Talvez até finalmente muita gente tenha conhecido os seus filhos e familiares mais próximos. Tavez uma percentagem, ainda que pequena aproveite e mude. Isso fará toda a diferença.


Eventualmente, haverá perguntas que ficarão sem resposta. Eventualmente saber-se-á as origens reais desta epidemia. Eventualmente virá a saber-se quem ganhou com este desastre. De uma coisa estou certo. No final das contas, nada mais será igual ao que já foi. A guerra está aí e vai ser preciso o envolvimento de cada um de nós. Eventualmente do lado certo da barricada.