quarta-feira, 30 de setembro de 2020

QUANTO DE NÓS

Quanto de nós é chuva escorrendo nas vidraças

Quanto de nós são estradas solitárias

Percorrendo caminhos de ir e vir, mais de ir

Mais de palmilhar sonhos que realidades

Quanto de nós fica na cama ao acordar

No ponto em que a terra acaba e o mar começa

Onde os tempos e as marés se dobram

Quanto de nós se sente na respiração difícil

No cimo das cordilheiras que se atravessam adiante

E na ansiedade da descida para a planície

Quanto de nós existe na alegria indescritível

De viver como se nada mais importasse

Como se a chuva e o sabor da manga e as ondas

Apenas fossem uma extensão de nós

Quanto de nós existe na noite vagabunda

Brilhando com todo esse luzeiro de estrelas

Ou na cidadela de um navio sem rumo

Ou no serpentear indolente de um grande rio

Quanto de nós é a vida inteira, completa

Optimista, serena, alegre, no dorso de um arco- iris. 

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