quarta-feira, 29 de julho de 2020

REFORMAS

REFORMAS

 

Correm os ventos, limpando pegadas

Das areias e das almas de cada um

As neblinas matinais acordam

Na preguiça de um novo dia

Hora de despir conceitos e preconceitos

Reformar cobardias e desigualdades entranhadas

Sem lugar para retornos e outros arrependimentos de ocasião

Quem se julgar capaz que se apresente

Os impolutos e outros farsantes que contem os dias

Os que se julgam puros, desanimem-se e assentem praça

Quem se julgar superior ou diferente

Apenas aguarde a chuva que vem chegando

Porque vai chegar, bravia, feroz, democrática

Os pios a caminho da redenção, pensem melhor

Nem lhes passe pela cabeça jogar pedras

Porque de uma forma ou outra vão-se acertar contas

Quem se julgar capaz que se apresente

Há muita falta de seres humanos nas fileiras.

 

 

 

 


terça-feira, 21 de julho de 2020

COVID 19 - OPINIÃO PESSOAL

Muito se tem falado desta epidemia, que aparentemente tem uma taxa de mortalidade de 3-5%.
Como em qualquer epidemia, maior ou menor, sazonal ou não, ditam as regras que devemos proteger-nos: máscara, distanciamento, recolhimento quanto baste.
Mas nada mais que isso.
Não custa perceber que os números globais são enganadores e que provávelmente não há 15.000.000 de infectados, há muitos, muitos mais.
O número real só seria conhecido se se testasse maciçamente toda a população mundial. 
No entanto todas as mortes por covid ou não são devidamente contabilizadas.
Portante a mortalidade real, não será de 3-5%, mas algures abaixo de 1%.
A OMS estigmatizou esta doença, obrigou a medidas dos diversos países, que os colocaram em recessão, e que os povos pagarão com dificuldade no futuro. De cada vez que fala, vem implementar mais receios, numa agenda que ninguém de bom senso ainda percebeu. Mais adiante se verá. Mas não foi só a OMS. Muitos "bons" cientistas foram pelo mesmo caminho. Por exemplo, a França balizou as suas decisões em informações erradas vindas do outro lado da Mancha, e o que é curioso é que não foi a primeira vez.
Por outro lado, foi criado o "caldinho" do pânico.
Criar hospitais de referência, só fez com que os casos se amontoassem em sítios pré definidos. E não é a mesma coisa ter 500 casos de covid num hospital ou ter os doentes distribuidos naturalmente pelos hospitais da zona. Depois dizem que o sistema de saúde colapsa.

Esta epidemia é séria, como qualquer epidemia. É democrática como qualquer epidemia.
Devemos ter os cuidados básicos e ser racionais.
Daí, a ter as mãos em sangue de tanto as esfregar, tomar banho sempre que se chega a casa, desinfectar a roupa, pôr os sapatos do lado de fora, etc, etc, vai o espaço de um mundo.

Por fim, os testes rápidos vieram mostrar que afinal muita gente, que nem soube que teve o covid, já está imunizada e provávelmente imunizou gente em seu redor.

Enfim, use máscara, lave as mãos o suficiente, faça o seu distanciamento social quanto baste e viva tranquila. de preferência, apague a TV sempre que tentarem dar-lhe informações sobre a doença. Aguarde serenamente pelas vacinas.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

COVID-19


Covid-19. Brasil zona emergente de fome extrema

EPA A organização não-governamental Oxfam sinalizou o Brasil como "zona emergente" de fome extrema, adiantando que a pandemia de Covid-19 veio acelerar o crescimento da pobreza e da fome em todo o país.
O Brasil surge com esta classificação, juntamente com a Índia e a África do Sul,no relatório O vírus da fome: como a Covid-19 está a aumentar a fome num mundo faminto, da organização não-governamental Oxfam, que analisa os impactos da doença em países onde a situação alimentar e nutricional das populações era já extrema antes da pandemia. De acordo com a ONG, a situação da pobreza e fome no Brasil começou a deteriorar-se em 2015 devido "à crise económica e a quatro anos de austeridade".
"Até 2018, o número de pessoas que sofriam de fome no Brasil tinha aumentado em 100 mil para 5,2 milhões graças a um forte aumento da pobreza e do desemprego, e a cortes radicais nos orçamentos para a agricultura e a proteção social", refere-se no documento, que aponta os cortes no programa Bolsa-Família e, desde 2019, "um desmantelamento gradual" das políticas e instituições destinadas a combater a pobreza.
"A pandemia Covid-19 foi agora acrescentada a esta mistura já tóxica, causando um rápido aumento da pobreza e da fome em todo o país. As medidas de distanciamento social introduzidas para conter a propagação do coronavírus e evitar o colapso do sistema de saúde pública agravaram a crise económica", acrescenta-se no estudo.
A ONG recorda que milhões dos trabalhadores mais pobres, que têm poucas economias ou benefícios, perderam empregos ou rendimentos, sem que tenham sido beneficiados por apoios governamentais.
Números da crise crescente:
"Até final de junho, o Governo federal distribuiu apenas dez por cento da ajuda financeira prometida aos trabalhadores e empresas, através do Programa de Apoio Emergencial ao Emprego (PESE), com as grandes empresas a obterem mais benefícios do Governo do que os trabalhadores ou micro e pequenas empresas", aponta a Oxfam.
Da mesma forma, apenas 47,9 por cento dos fundos destinados à ajuda de emergência a pessoas vulneráveis tinham sido distribuídos até ao início de julho.
Por isso, a ONG entende que "o Governo federal está a falhar no apoio às pessoas mais vulneráveis do Brasil".
De acordo com a Oxfam, a implementação do programa de Renda Básica de Emergência regista longos atrasos na resposta aos pedidos de ajuda, recusas injustificadas de ajuda, falta de telemóveis, ligações à internet e endereço de e-mail para se qualificar para a assistência.
Por outro lado, adianta a organização, "apenas três meses após o início do surto do coronavírus do país, e numa altura em que ainda está largamente fora de controlo, o Governo ameaça reduzir o pagamento dos benefícios".
A Oxfam Brasil lançou uma campanha para apoiar 1.000 famílias vulneráveis em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife através de transferências monetárias de 60 dólares (53 euros) por mês durante quatro meses, considerado o suficiente para garantir que as famílias possam comprar alimentos e outros bens essenciais.
A meta de arrecadação de fundos para este programa é de 240 mil dólares (211,8 mil euros).
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de infetados e de mortos (quase 1,71 milhões de casos e 67.964 óbitos), depois dos Estados Unidos.


quarta-feira, 8 de julho de 2020

LUANDINO

LUANDINO - O LIVRO DOS GUERRILHEIROS

Entanto que ex-guerrilheiro, eu, Diamantino Kinhoka, ainda com a autorização que sempre a amizade e camaradagem aceitam, sendo quissoco nosso o da luta de libertação, não reinvindico licença de mentir. Ainda mesmo companheiros de luta, compatriotas nados e crescidos nas mesmas sanzalas, próprias ou alheias de outra região - isto é: lá onde lhes nasceram seus entespassados - não aceito crítica por adiantar
contar os seus feitos, sucedos e vidas, e mortes, quando lhes tiveram já.

Escrevo assim, porque na terra que nos nasceu, muitos séculos e tradição e lutas dão de gerar conformidade entre nosso entendimento das coisas e as próprias coisas dela, sejam vivas sejam mortas.
Então, tendo que contar essas algumas coisas nossas, ou por gabo ou por maldizença, nunca lhes poderia directamente contar. Porque, se dou gabo, sempre tem quem vai duvidar que foi mais do que poderia ser; se dou maldizer, sendo eu próprio ex-guerrilheiro, que são invejias do feito e vivido nos outros alheios.

E também outrossim, porque é dos livros da memória e tradição no nosso povo que aquele com quem tens de comer as folhas do macunde na tribulação, tem de ser aquele que repartes com ele o feijão na abundância. Daí que a verdade de suas vidas sempre não é possível de escrever, ainda que desejada; mas, menos ainda, desejada se possível. A gente fizemos a revolução, nossas memórias têm o sangue do tempo.

Se os verdadeiros escritores da nossa terra exigirem a certidão da história na pauta destas mortes, sempre lhes dou aviso que a verdade não dá se encontro em balcão de cartório notarial ou decreto do governo, cadavez apenas nas estórias que contamos uns nos outros, enquanto esperamos nossa vez na fila de dar baixa de nossas pequenas vidas.

Quero então com-licença apenas para a formosura destas vidas; a das minhas palavras é muito duvidosa. E mesmo que não fosse, mesmo assim nunca ia bastar para ordenar a verdade

terça-feira, 7 de julho de 2020

LUANDINO


LUANDINO

Meu amigo.
De entre todos os escritores angolanos, é o meu preferido.
É difícil considerá-lo um escritor. Para mim ele é o arquitecto da palavra, influenciador das mais brilhantes mutações da linguagem de Camões.
Escreveu muita coisa fantástica.
Traduzido em dúzias de linguas.
O meu livro preferido que releio sempre chama-se "Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto e eu".
Mas, para quem tiver a coragem de ler e aprofundar e apreciar a incrível escrita dele, aconselho "De rios velhos e guerrilheiros", dois volumes.
A nossa pátria está lá, de uma forma única. E a lingua portuguesa também.