quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

MINHA VIDA, MEU PAÍS

Uma imensa savana dourando ao sol

Ondulando em cada dia  nos ventos setentriões

Um último raio de sol oblíquo, na despedida do dia

Um beijo roubado à pressa num momento fugaz

Uma lembrança inesquecível dobrada no tempo

Fotografias antigas acastanhadas de tantos anos

O  voo rasante de um gavião em busca da presa

A carícia do vento de fim de tarde me abraçando

Farrapos de cacimbo pingando em manhãs friorentas

Rios de chegar e partir, carregados de  memórias

A dor insuportável de ver subir  quem não devia

A alegria de um dia de pesca no mar distante

Um poema de amor de Neruda, e uma canção de ninar

A certeza de que sempre haverá madrugadas

E mulheres e meninos ocupando a casa do meio

Um quarto longe do mundo e um abraço ternurento

Uma queda de água trovejando numa caverna

Uma fenda na montanha rachando o planeta

O  olhar firme de uma gazela te mirando inquieta

Estar deitado na areia quente memorizando estrelas

Ouvir o bolero de Ravel numa noite de tempestade

E os  lobos da memória rondando implacáveis

Minha terra, meu país, minha vida, meu amor


Lobito, 24.12.2020

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

IMAGINAÇÃO

 

A imaginação é a memória que enlouqueceu (Mário Quintana). 

A frase mais saudável que alguma vez vi.

Que importa se são verdes os cavalos do vento, ou se alguém pendura memórias num varal?

É insano fazer poemas submersos, onde se pode cavalgar o medo ou dobrar  tempos e marés?

É loucura sonhar com noites vagabundas, ou sentar-se sereno no dorso de um arco-irís?

Serei tresloucado por caminhar entre rios e nuvens com um sorriso, sempre com o meu imbondeiro debaixo do braço? Ou por constantemente sonhar com um quarto longe do mundo, na dobra de anos passados?


"NO COMMENTS"

 O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, questionou os possíveis efeitos secundários das vacinas contra o novo coronavírus, dando como exemplo a da Pfizer/BioNTech, e afirmou que não há garantia de que o fármaco não transformará quem o tomar "num jacaré".

"Lá no contrato da Pfizer, está bem claro: nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito secundário. Se você virar um jacaré, é problema seu", disse Bolsonaro, que questionou em várias ocasiões as vacinas e a gravidade da pandemia que já fez quase 185 mil mortos no Brasil.

"Se você se transformar em Super-Homem, se crescer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada com isso. E, o que é pior, mexem no sistema imunológico das pessoas", continuou Bolsonaro durante um evento realizado na quinta-feira, na Bahia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

RACISMO

Esta semana, correu mundo a notícia que Cavani, exímio jogador de futebol, foi punido pela Federação inglesa de futebol, por linguagem imprópria.

O motivo foi, que em resposta a um post de um amigo, respondeu com outro em que dizia: Gracias negrito, o que para qualquer pessoa mínimamente inteligente é até um post carinhoso e demonstrando nenhum, absolutamente nenhum laivo de racismo.

Ou a Federação inglesa de futebol não sabe o que é racismo, ou então são uma cambada de racistas da mais fina estirpe. Claro que nas redes sociais, criaram-se dois tipos de movimentos, pró e contra. Apraz-me dizer que a ignorancia é seguramente a pior forma de racismo que há.

Para toda a massa imensa de burros, que por aí circulam, apenas posso desejar feliz Natal, com Pai Natal, caucasiano, negro mongol, árabe. É fundamental que pertença à raça humana.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NOTÍCIAS DE CÁ

 Tornou-se moda, falar mal de Angola, dos seus dirigentes e mesmo de quem vive cá e o propósito é sempre o mesmo. Uns por desconhecimento, outros por incultura, outros porque são mesmo racistas e outros por fins inconfessos e desejos de supremacia regional, querem desestabilizar não só Angola, mas também o eixo Angola-Namíbia-África do Sul.

Há já muitos anos, que tal acontece. Coisa de colonizadores rascas, que já vem dos tempos do “kaparandanda”, que não há maneira de aceitarem, que se foram embora e não voltaram. Não porque não lhes fosse permitido, não porque não pudessem reaver os bens. Não porque não lhes fosse permitido cá ficar e terem como todos a nacionalidade angolana.

Acredito, sei com segurança, que foram tempos muito difíceis, que em certas áreas foi necessário fugir para salvar a vida, e que muita gente boa foi embora, no pânico que se criou. Sei que uma parte regressou e muitos ainda se encontram por cá. Sei também, que a maior parte optou por ficar nos países para onde foi, aí fazendo a sua vida calmamente até hoje.

Sei ainda e sou testemunha disso, que uma das primeiras decisões após a independência, foi dar um período para o regresso de quem tinha ido, e com total devolução dos bens a quem provasse que lhe pertenciam. Aconteceu a muita gente, como todos devem saber.

Mas fica aquela enorme quantidade de gente e seus descendentes que sabe-se lá porquê, parece ser melhor dizer mal de tudo e continuar nas redes sociais, a fingir que morrem de saudades, a publicar fotografias das “suas” casas, da “sua” Praia Morena, das paisagens incríveis que estão estragadas. “Amigos”, se eu quisesse fazer de Portugal um país miserável, que não é, bastaria pegar numa máquina e começar a tirar fotografias do Casal Ventoso, ou do Bairro da Jamaica, ou de outros bairros iguais espalhados por esse país.

Ainda há outra variante. Gente com pouca ou nenhuma formação que se foi embora, e que regressaram “doutores”. Vieram aqui tentar abanar a árvore. Tiveram que voltar a ir embora, e esse são os piores detractores, porque afinal do alto da sua esperteza não conseguiram enganar ninguém. Um dia em que eu esteja realmente muito aborrecido, vou começar a identificá-los, obviamente com provas do que digo, ao contrário das suas declarações sem qualquer substracto válido para as manter.

Se para formar uma opinião, eu dependesse de gente como Luaty Beirão, que parece que de profissão é DJ e que vive e viaja sabe-se lá com que dinheiro, eu estaria muito mal. Como estaria muito mal, se dependesse dos vómitos diários da SIC e outras estações sobejamente conhecidas.

Um conselho: se amam assim tanto esta terra, venham para cá viver, ou no mínimo venham cá de vez em quando, de alma limpa e com a visão em condições. Não é fácil, as dificuldades de um país em construção são mais que muitas, mas vale a pena. Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, ideia chave extremamente feliz do nosso Presidente, consequente. Hoje, estamos melhor que ontem. Escolas, estradas, centros de saúde, hospitais, indústria, agricultura, justiça, diamantes, petróleo, ferro, barragens, solidariedade para com os mais pobres, um pouco por todo o lado. Amanhã acredito, continuaremos a estar melhor. Devagar, cada vez importamos menos, devagar vamos ficando auto-suficientes, iremos (já estamos) exportar.

E nunca vi nas redes sociais qualquer referência aos PIIM, ou ao projecto KWENDA, ou ao programa massivo de ajuda à criação de auto-empregos, ou a tudo o que aqui se faz para melhorar a vida dos angolanos. Venham e vão ao Cunene, Cuando-Cubango, Lundas, Moxico, Bié, Huambo, Lubango, etc e vejam. Não acreditem, venham ver o que este país está a fazer sem vocês.

Se de todo, não querem regressar, venham ver. Não falem apenas por ouvir dizer nas redes sociais. Não acreditem no que vos dizem, sem pelo menos conseguirem perceber se vos estão a mentir ou não. Esta é uma nação arco-iris. Aqui vivem, convivem, gente de todas as raças e credos. Muito de vez em quando, há sinais isolados de racismo e xenofobia, como em qualquer outro país, porque aqui também há gente que não é boa. As directrizes governamentais são muito claras e rigorosas e o nosso Presidente não se cansa de afirmá-lo: Angola diz claramente não ao racismo e à xenofobia.

Angola não é para fracos. África não é para fracos.

Não insistam, que não vos leva a lado nenhum, só gastam o vosso tempo com inutilidades.

E aqui, ninguém se importa. No máximo, olhamos perplexos para essa indisposição vossa, mas no final a caravana continua a passar.

 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

FORMADORES DE ?


FORMADOR DE OPINIÃO é uma pessoa que tem capacidade de influenciar e modificar a opinião de outras pessoas no campo político, social, moral, cultural, económico, desportivo, alimentar etc.  As opiniões podem pertencer a grandes grupos do pensamento humano, como opção religiosa , tendência política, comportamento sexual, torcidas desportivas, preferências pessoais, etc.



Sempre houve, mas actualmente tornaram-se "profissões" com estatuto, diferenciadas, reverenciadas.
Aparentemente ninguém já tem opinião, deixando que estes sábios formatem a sociedade inteira da forma que melhor entendem. O rebanho espera-se vai todo atrás.
Não parece, não é a melhor forma de adquirir a nossa própria opinião, balizada por todo o mundo de informação, de convivência, de leitura, de amizades, de solidariedades, que se encontram permanentemente ao nosso dispor.
Parece haver uma profunda displicência, no trabalho de formar opinião própria, como parece também que a opinião actual se faz à custa de redes sociais, do que aparentemente é políticamente correcto e do que é em determinada altura visível para os outros.
Na Alemanha, em 1939 deu no que deu, embora muita gente já ignore os acontecimentos e alguns até os neguem.
Força camaradas. Larguem a preguiça, informem-se, leiam, cultivem-se e façam as vossas próprias escolhas.
Interessa-me a notícia em si. Não quero saber de opiniões sobre a mesma. Quero ser eu próprio a formar a minha opinião.
Não entrem no "Je suis Charlie", só porque é giro e vos dá um aura de rebeldia, e aparecem na televisão num fugaz momento de fama.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DE REPENTE...

 





De repente no século XXI, começou a falar-se insistentemente de racismo e xenofobia.

Por todo lado.

Não que já não existisse antes, mas o fenómeno retornou.

De repente, surgiram movimentos a favor dos negros, amarelos, azuis, brancos, roxos.

Um pouco por todo o lado também.

Eu, principalmente eu que sou médico, que já fiz ao longo da vida milhares de intervenções em gente de todas as cores e estratos sociais, fico perplexo, porque eram todos iguais.

Ninguém por ser amarelo ou azul, tinha o fígado à esquerda, ou o cérebro na barriga.

Todos, mas literalmente todos iguais.

A mesma ansia de viver, os mesmos anseios e desejos, a mesma solidariedade ou não, os mesmos empregos, os mesmos vícios e virtudes.

Seres humanos apenas, nada mais do que isso.

Racismo e xenofobia não são uma doença que se trate, porque ainda não há medicina para isso.

São uma deformação da alma, aparentemente sem remédio.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

BANDA MARAVILHA

 







BIOGRAFIA

A Banda Maravilha surgiu em 1993, fruto da união de cinco músicos angolanos que se juntaram para fazer música, e que depois de várias exibições em bares, discotecas e festas de Luanda, foi-lhes endereçado um convite para se tornarem a banda de animação de um programa da Televisão Pública de Angola (TPA), “Gentes & Tons”, apresentado por André Mingas. Foi neste programa que Delfina Feliciano produtora do programa, baptizou a banda.
Na primeira versão da banda constavam “Carlitos Vieira Dias, Moreira Filho, Rufino, Joãozinho Morgado e Marito Furtado, que eram originários de várias bandas musicais de Angola, abrilhantando as noites de Luanda no programa 'Gentes & Tons' e no restaurante “O Tambarino”.
Em 2001 e já com outra formação, a banda lança o seu segundo CD, 'Semba Luanda'. Neste disco, entrou na banda Xico Santos, Miqueias Ramiro e Venâncio. No CD, foi retratado o semba e as novas cadências rítmicas evidenciadas pela banda, confirmando a Banda Maravilha como os “Embaixadores do Semba” de Angola.
Em 1997, a banda lança o seu primeiro CD, intitulado 'Angola Maravilha' pela RMS, num dos maiores sucessos em vendas de discos de bandas angolanas. Uma torné pelo mundo foi realizada em 1998. Participaram da Expo98 em Lisboa, Portugal, bem como do Festival da Baia das Gatas, em Cabo-Verde.
Com a exigência do público a banda lança em 2005 o seu terceiro CD, 'Zungueira', uma homenagem directa as mulheres que todos os dias lutam pela vida e para vida dos seus filhos, no seu ganha pão diário pelas ruas de Luanda com chuva ou sol. Neste CD a banda fortaleceu com a entrada de Pirica e Nelas do Som que, com os solos das suas guitarras, criaram novas melodias na harmonia da banda.
O profissionalismo da Banda Maravilha foi reconhecido pela sociedade, ganhando em 2002 o prémio de melhor 'Banda Musical do ano', Top Rádio Luanda. Recebeu também o prémio de vencedor do Top dos Mais Queridos da RNA, sendo convidada para actuar em várias partes do mundo, levando a música angolana aos quatro cantos do mundo.
Hoje, a Banda Maravilha vai cimentando a cada dia o seu nome e profissionalismo dentro da música angolana, estando a preparar a gravação do seu primeiro CD e DVD ao vivo, para entrar nos anéis da música angolana como os embaixadores do semba em Angola.


N'GOLA RITMOS

 O grupo foi formado em 1947 por Liceu Vieira Dias, Domingos Van-Dunem, Mário da Silva Araújo, Manuel dos Passos e Nino Ndongo.

Na década de 1950 e 1960 incluíu nomes como Liceu, Nino, Amadeu Amorim (bateria e cantor), José Maria (viola solo e ritmo), Euclides Fontes Pereira (Fontinhas), José Cordeiro dos Santos, Lourdes Van-Dúnem, Gege, Xodô e Belita Palma.

Amadeu Amorim e Liceu foram presos em 1959 mas o conjunto manteve-se com a força de Nino N’dongo. Gravaram dois discos e em 1965 deslocam-se à metrópole pela primeira vez .

Importância

  • António Ole realizou em 1978 um filme sobre o grupo: "O Ritmo do N’Gola Ritmos" .
  • O filme "O Lendário Tio Liceu e os N'gola Ritmos" (2009), de Jorge António, recebeu o Prémio Melhor Documentário no FICLuanda 2010.
  • O professor Maurício Barros de Castro dedicou uma secção à "A história do N ́gola Ritmos" na sua apresentação "O SAMBA NO ATLANTICO NEGRO: PATRIMONIO IMATERIAL E DIÁSPORA AFRICANA" apresentada no XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências sociais que decorreu em Salvador em Agosto de 2011:

"Interessados em descobrir suas raízes culturais, os músicos do N’gola Ritmos reinventaram a música de angola e assumiram o semba como ritmo nacional do país, o que tinha conotações políticas que evidenciava um projeto de nação angolana construída a partir de suas referências ancestrais. 

Discografia

  • 1 (Ep, Alvorada, 1964) N'biri Birin / João Domingos / Chapéu Preto / Timpanas
  • 2 (Ep, Alvorada, 1964) Mona Ami / Kuaba Kuaie Kalumba / Maria Da Luz / Margarida Vai À Fonte
  • N'ga Sakidila (Ep, Decca, 1964) N'ga Sakidila / Chico / Xikéla / N'zage
Compilações
  • Angola 60's 1956-1970 (Buda Musique, 1999) ‎- Muxima, Django Ué, Nzaje
  • Angola Saudade 60-70 ‎(Iplay, 2009) - Muxima
  • Chansons Creoles ‎(Cristal, 2012) - Muxima


Para os da minha geração foi, continua a ser uma banda mítica, com música de superior qualidade e ritmo.
Para quem não conhece, aproveite e pesquise e ouça. Isto é o que reza a wikipédia. Nós vivemos esta época maravilhosa.

LIVROS II

 Que também valem a pena:

LIVRO DOS RIOS - LUANDINO VIEIRA

VOU LÁ VISITAR PASTORES - RUY DUARTE DE CARVALHO

PAIOL DE POLÉN - JOAQUIM PESSOA 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

LIVROS

LIVROS QUE VALEM A PENA

SAGRADA ESPERANÇA - AGOSTINHO NETO

COMO SE O MUNDO NÃO TIVESSE LESTE - RUY DUARTE DE CARVALHO

OS DA MINHA RUA - ONDJAKI

NZOJI - ARLINDO BARBEITOS

A MORTE DO VELHO KIPACAÇA - BOAVENTURA CARDOSO

QUEM ME DERA SER ONDA - MANUEL RUI MONTEIRO 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

AH PORTUGAL, PORTUGAL

 

Chegou a Portugal finalmente, a extrema direita no seu pior, racista e xenófoba e com assento parlamentar. Digo chegou, porque de um modo mágico depois da revolução dos cravos, deixou de haver gente de direita em Portugal. Ou eram todos revolucionários, ou na pior das hipóteses sociais democratas com laivos de liberais.

Mas, finalmente chegou, como sempre pela mão da esquerda que não soube, nunca soube aliás criar laços entre si e fazer do país um país melhor. E, aproveitando a maré, os encapotados partidos de direita reacionária, vá de fazer coligações com a extrema direita, que exultou, rejubilou.

O que me confunde é que a táctica é sempre a mesma. Começam por se escudar na lei, a incompetência da esquerda ajuda e quando dermos por ela, ou temos um governo de extrema direita, ou temos todos de andar aos tiros.

O que me confunde ainda mais, é a incapacidade, a estupidez, a imbecilidade da esquerda de saber analisar o problema, ainda mais quando o mesmo já tem barbas, já vem de tempos imemoriais.

Quero acreditar, que este partidozeco de arruaceiros, que provavelmente lêm o “Mein Kampf” de forma enviesada, irá pagar o preço da ousadia nas próximas eleições. Quero acreditar, mas não estou seguro de que isso vá acontecer. Neste preciso momento, a esquerda está mais dividida que nunca, e isto aconteceu após um mandato de sucesso conjunto, de que os portugueses gostaram muito. A ansia dos governantes de se livrarem da “geringonça”, é no mínimo muito suspeita e politicamente imbecil.

Finalmente, quando essa escumalha diz que não percebe por que são chamados de extrema direita e apelida o BE e o PCP de extremistas e perigosos delinquentes, só resta um caminho, que oxalá não tenha de ser percorrido.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

MADE IN USA

A Pátria da democracia (?). Pelo menos assim nos querem fazer crer. Mas se num determinado estado, o vencedor tiver apenas mais um voto, fica com os deputados todos. The winner take’s it all, o que é contrário a qualquer forma de democracia. Nesse estado, todos os partidos perdedores, deixam de ter representação parlamentar, e sujeitam-se ao que lhes quiserem fazer.

Há um longo caminho a correr na “pátria da democracia”. A arrogância é tamanha, que de uma assentada, esqueceram que há um país chamado Grécia, onde de facto a democracia nasceu.

Um homem, um voto. Muitos países já aí chegaram, quase todos europeus, após um longo caminho civilizacional. Não, nos EUA. Mas, também só existem há duzentos anos. Pouca história, pouca cultura própria, pouco caminho andado. A arrogância tem destas coisas, mas o tempo mesmo contra a democracia vai passando, e esperamos todos, que mais velhos, mais sábios, menos intolerantes, menos interventivos nas coisas do mundo, essa arrogância se irá diluindo, pese embora continuem a existir Trumps. De qualquer modo a História há-de julga-los, condená-los e empurrar a sujeira para debaixo do tapete.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

BLACK LIVES MATTER

BLACK LIVES MATTER

 

Desde sempre, há uma imensidão de gente por esse mundo fora, que faz questão de se identificar com slogans, que por uma razão ou outra tiveram alguma notoriedade.

Muitas vezes, nem cuidam de saber bem o que estão a fazer, apenas parece “fixe” estar na onda. Questionados, ainda que superficialmente, percebe-se que não há qualquer princípio político por detrás da opção, apenas o desejo de fazer parte de um movimento que aparece nas redes sociais.

Casos recentes deram o mote para se multiplicarem até à exaustão. “Je suis Charlie”, atravessou mundo e depois disso muitos “Je suis” já surgiram e ninguém já se lembra dos motivos do original.

Agora está na moda o “BLACK LIVES MATTER”. Consigo entender a necessidade política de certos sectores, de usarem este slogan. Já não consigo entender, o porquê de tanta gente aderir a este slogan profundamente racista, muito menos a comunidade negra inteligente, que provavelmente vai sair muito prejudicada. Do meu ponto de vista, está criada mais uma barreira ao entendimento entre as diversas comunidades, qualquer que seja o motivo (provavelmente muito digno), que esteve na origem deste movimento.

Para mim, as vidas negras não contam por si só. Para mim o slogan correcto deveria ser “HUMAN LIVES MATTER”. Mas talvez, não tivesse o mesmo interesse nas redes sociais. Como não teria qualquer interesse dizer, que a afirmação de que não se é racista, já torna a pessoa que o diz, em racista de facto. 

CARTA DE UM CONTRATADO - ANTÓNIO JACINTO

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que dissesse
Deste anseio
De te ver
Deste receio
De te perder
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mal indefinido que me persegue
Desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta de confidências íntimas,
Uma carta de lembranças de ti,
De ti
Dos teus lábios vermelhos como tacula
Dos teus cabelos negros como diloa
Dos teus olhos doces como macongue
Dos teus seios duros como maboque
Do teu andar de onça
E dos teus carinhos
Que maiores não encontrei por ai...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que recordasse nossos dias na capopa
Nossas noites perdidas no capim
Que recordasse a sombra que nos caia dos jambos
O luar que se coava das palmeiras sem fim
Que recordasse a loucura
Da nossa paixão
E a amargura da nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que a não lesses sem suspirar
Que a escondesses de papai Bombo
Que a sonegasses a mamãe Kiesa
Que a relesses sem a frieza
Do esquecimento
Uma carta que em todo o Kilombo
Outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que ta levasse o vento que passa
Uma carta que os cajus e cafeeiros
Que as hienas e palancas que os jacarés e bagres
Pudessem entender
Para que se o vento a perdesse no caminho
Os bichos e plantas
Compadecidos de nosso pungente sofrer
De canto em canto
De lamento em lamento
De farfalhar em farfalhar
Te levassem puras e quentes
As palavras ardentes
As palavras magoadas da minha carta
Que eu queria escrever-te amor

Eu queria escrever-te uma carta...

Mas, ah, meu amor, eu não sei compreender
Por que é, por que é, por que é, meu bem
Que tu não sabes ler

E eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também! 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

É LÓGICO QUE...

A lógica tem que se lhe diga. Nem tudo o que parece é. Quase nunca.

Lembra-me uma história que me contaram faz muito tempo.

Numa aula a professora pediu que os miúdos fizessem uma redacção sobre a lógica.

A Marianinha contou que o pai era mecânico. Era lógico que toda a gente sabia que ele arranjava carros.

O Luisinho contou que os pais eram criadores de galinhas. Era lógico que lá em casa nunca faltavam ovos, nem saborosos churrascos.

Enfim, todos os miúdos de uma forma ou outra se desevencilharam. Quase todos.

O Zequinha contou que todos os dias, quando descia do 7º andar a caminho da escola, bem cedo, tocava nas campainhas de todos os andares. Era lógico que no prédio toda a gente lhe chamasse o miúdo das campainhas. Não entendia porque era conhecido pelo moleque safado f. p. do 7º andar. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

IMIGRAÇÃO

É notícia diáriamente, o pesadelo de ver populações inteiras, fugindo para outros países em busca de uma vida melhor.

Seja por mar, seja por terra, multidões dirigem-se em busca do que eles pensam ser uma vida melhor. À custa de dezenas de vidas ceifadas nos caminhos, muitos deles crianças a quem a vida já não pode dar-lhes nada.

Os governos e os povos dos países eventualmente receptores, criam políticas de afastamento e de total marginalização desses seres humanos, que apenas querem fugir da pobreza extrema e dar um futuro melhor aos seus filhos. O ser humano, os governos, quem quer que tome decisões, tendem a repetir o erro.

Os fenómenos migratórios não são novos, como também não são novidade as enormes vantagens desses fluxos. Para quem vem e para quem os recebe. Para eles que vivem no limiar da sobrevivência, possibilita-lhes uma vida melhor. Para quem recebe a evidência demonstra que todos os fluxos migratórios conduziram a aumento geral das taxas de emprego e a melhoria substancial do PIB. A acrescer a isso, ao longo dos tempos a miscigenação só traz vantagens.

Não é portanto perceptível, que se continue a ter uma visão errada sobre este tema. Países como a Alemanha, Portugal, Brasil, Itália, Bélgica, USA, são exemplos disso, ainda que tivesse havido um feroz combate a quem chegava.

Errar uma vez é admíssivel. Errar sistemáticamente sobre o mesmo tema, já é crime. Mas, sistemas mais ou menos ditatoriais, como agora existem, vão levar os povos pelo mesmo caminho, porque no geral, governantes e governados, nem sequer se dão ao trabalho de estudar em profundidade este problema.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

REDES SOCIAIS

Twiter, Instagram, Facebook, VK, RT, e algumas mais.

Genial a ideia da comunicação global, instantanea, quase parece sopa de pacote.

Mas, tal como a dita sopa tem que se lhe diga.

Há gente, muito pouca que usa correctamente as redes e debita coisas que enriquecem o próximo.

A imensa maioria, em tempos chamada de maioria silenciosa, passa o tempo a debitar o que parece um esgoto a céu aberto. 

É "brilhante" a imensidão de ideias sem conteúdo, e que resultaram de um qualquer copy / paste, que muito mais que se identificarem, publicam-nas como se fossem suas.

Muita desfaçatez ( o termo é ligeiro), na publicação de mentiras e calúnias, que postas a circular são bem mais difíceis de combater que a verdade.

Infelizmente, não se trata de gente com cultura média ou média baixa. Este esgoto moral atravessa transversalmente a sociedade, tornando essa gente em verdadeiros deserdados de qualquer centelha de inteligência. 

Todos os domínios da inteligência e das nossas vidas são violados diáriamente: religião, sexo, política, ensino, governação, solidariedade, e do que mais alguém se lembrar. "Ad latere" ou não, cometem-se os maiores crimes ambientais e outros, apenas postando opiniões de líderes, sem cuidar quem são eles, se são corruptos ou não, e pasme-se, na maioria das vezes sem entenderem bem o que estão a postar.

As redes vieram para ficar acho eu. Eu, que de todo não sou religioso, apenas me resta dizer "que deus nos acuda".


terça-feira, 6 de outubro de 2020

KISS THE GROUND


Ontem vi este filme. Deveria ser visto por todos, deveria passar em todas as escolas, deveria fazer parte de qualquer cadeira de estudo ambiental.

Vão por mim. Vejam!

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

NÓS

O nosso corpo é feito de carne e osso e muita, muita água. Complexas reacções químicas, mantêm a máquina em movimento. Máquina quase perfeita, que dura muitos anos, em permanente quase combustão.

Muita química e muita física naturalmente. Muita adaptação e melhorias ao longo de milhões de anos. Tentativa e erro sem cessar.

E cá estamos nós. Tudo seria fácil, se não fosse o caso de termos pensamentos e sonhos e sentimentos, e alma (???), que até à data não são possíveis de explicar por reacções químicas. E, é uma máquina que aprende, que acumula conhecimentos, sem que alguém saiba o local exacto de armazenagem desse conhecimento, e sem que se saiba como fazer recurso dele, fazê-lo vir à tona quando necessário. Que chora, que ri, que ama e odeia, que persegue ideais, sem que se saiba como ou porquê.

As religiões tentam combater estas falhas, falando em nome de deuses e de milagres.

Na verdade, o muito que se escreve sobre este tema ( religiões, psiquiatras, neurologistas, etc), parece-me completamente inútil.

Do meu ponto de vista, são os caminhos da ciência que irão dar-nos a resposta. Não me admiraria de todo, se tudo isto fosse um produto químico, adaptador do sistema a todas as situações. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

QUANTO DE NÓS

Quanto de nós é chuva escorrendo nas vidraças

Quanto de nós são estradas solitárias

Percorrendo caminhos de ir e vir, mais de ir

Mais de palmilhar sonhos que realidades

Quanto de nós fica na cama ao acordar

No ponto em que a terra acaba e o mar começa

Onde os tempos e as marés se dobram

Quanto de nós se sente na respiração difícil

No cimo das cordilheiras que se atravessam adiante

E na ansiedade da descida para a planície

Quanto de nós existe na alegria indescritível

De viver como se nada mais importasse

Como se a chuva e o sabor da manga e as ondas

Apenas fossem uma extensão de nós

Quanto de nós existe na noite vagabunda

Brilhando com todo esse luzeiro de estrelas

Ou na cidadela de um navio sem rumo

Ou no serpentear indolente de um grande rio

Quanto de nós é a vida inteira, completa

Optimista, serena, alegre, no dorso de um arco- iris. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ALGUNS CONSELHOS

1. Separe o lixo

Uma das principais medidas para reduzir a degradação ambiental é reciclar o lixo que geramos diariamente. Por isso, os resíduos devem ser encaminhados ao destino correto. O material orgânico (restos de comida) pode ser aproveitado no processo de compostagem. Assim, vira adubo para novas plantações. Já o material seco (plástico, metais, vidro e papel) deve ser descartado. Em muitas cidades, existem cooperativas que recolhem esse lixo e ganham dinheiro vendendo-o para reciclagem.

Preste atenção a itens como bateriaslâmpadasequipamentos eletrônicoscosméticosmedicamentos e óleo de cozinha. Eles são altamente poluentes! A melhor alternativa é levá-los a ecopontos específicos – em supermercados, farmácias ou unidades especializadas.

2. Economize água em casa

A solução para economizar é simples: diminua o tempo embaixo do chuveiro. Cinco minutos costumam ser suficientes para realizar a higiene pessoa Faça o mesmo ao escovar os dentes ou lavar a louça. A torneira só deve permanecer aberta na hora de enxaguar. Desse modo, você colabora na preservação dos recursos naturais e ainda poupa ao fim do mês!

3. Aproveite todas as partes dos alimentos

Quem vive do campo sabe bem: todas as partes de uma planta podem ser aproveitadas. Na natureza, tudo se transforma e dá continuidade ao ciclo da vida. É uma pena que esse conhecimento tenha se perdido um pouco nas cozinhas do país. A gente usa a polpa da fruta para fazer sumo, as folhas da alface para a salada… E o resto? Joga fora? Não! Talos, cascas e até sementes podem render pratos supernutritivos. E o melhor de tudo é que eles são saborosíssimos. Dá para fazer bolinho, pão, compotas, risotos e o que mais o paladar mandar.

4. Promova a economia local

Falando em compras, é importante pensar no impacto da cadeia produtiva para a sustentabilidade. Já imaginou quantos quilômetros um produto rodou para chegar até a prateleira do supermercado? Quanto combustível os camiões queimaram. 

Por isso que dar preferência à produção local é um dos hábitos sustentáveis que se deve adotar. Menos distância entre o produtor e o consumidor significa menos poluentes liberados na atmosfera. Os gastos com transporte e armazenamento diminuem e, com isso, o preço final fica mais convidativo. Sem contar que você contribui para o fortalecimento da indústria e do comércio na sua região.

5. Deixe o carro na garagem

Economia sustentável também tem a ver com saúde. Prova disso está na nossa próxima dica: trocar o automóvel pela bicicleta. Às vezes, por comodidade, usamos o carro para percorrer pequenas distâncias dentro do município. 

6. Economize energia elétrica

Quando o assunto é a conta de luz, qualquer detalhe pode trazer resultados imediatos. Primeiro, tire da tomada todos os eletrodomésticos que não estiverem em uso. Até mesmo a luzinha vermelha de standby consome eletricidade.

Depois, priorize a manutenção dos equipamentos. Verifique se a borracha da geladeira está vedando bem ou se a limpeza do ar-condicionado está em dia. Em ambos os casos, o mau funcionamento do aparelho demanda esforço extra do motor, o que eleva os custos de energia elétrica. Por fim, opte por soluções mais econômicas. Lâmpadas de LED, embora custem mais caro, duram bastante e gastam menos luz. Ou seja: são ótimas para economizar dinheiro no longo prazo.

7. Reutilize embalagens

Você é daquelas pessoas que já guardaram pote de requeijão para utilizá-lo como copo? Parabéns: os hábitos sustentáveis fazem parte de sua rotina. Reutilizar objetos colabora para que a gente consuma menos. Logo, o lixo que geramos em nossas casas também tende a se reduzir. Embalagens de vidro são ótimas para armazenar grãos, doces e geleias. Basta lavá-las com água quente antes do uso.

Para as garrafas PET, uma sugestão é transformá-las em vasos de plantas. Corte o topo, faça uns furos na base e pronto: o que iria para o lixo vira berço para novas mudas.

8. Use seus direitos

Sempre que for comer fora, peça take-away do que sobrou. Eles pertencem-lhe e poderá depois dar-lhes o uso que quiser.


DÁ PARA PERCEBER?

 


TOTALMENTE CORRECTO

A natureza é nossa aliada

Ao reconhecer o valor da natureza, podemos perceber que um sistema alimentar abrangente pode beneficiar simultaneamente o meio ambiente, a saúde pública e a economia.

Reduzir a emissão de CO2 pode afetar positivamente o valor nutricional dos alimentos – o que beneficiaria significativamente nossa saúde, uma vez que 76% da população mundial obtêm a maior parte de seus nutrientes das plantas –, podendo reduzir o risco de eventos climáticos extremos e, consequentemente, proteger o rendimento das colheitas. Isso é particularmente importante para os pequenos agricultores. Proteger a natureza significa proteger os meios de subsistência e as economias.

Sendo assim, restaurar a biodiversidade significa fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares, o que permite que os agricultores diversifiquem suas produções e lidem com pragas, doenças e mudanças climáticas, reduzindo também a propagação de zoonoses e seus impactos econômicos – como o que o mundo enfrenta atualmente.

A adoção de dietas baseadas em vegetais requer menos uso de terras, produz menos gases de efeito estufa e exige menos uso de água, além de também desempenhar um papel importante na redução de doenças crônicas – como doenças cardíacas, derrames, diabetes e câncer – e de custos associados a tratamentos e a perda de renda.

Além disso, com a estimativa global de doenças crônicas projetada para atingir 56% até 2050, as dietas desempenharão um papel cada vez mais importante na gestão econômica.

É preciso reformular os sistemas alimentares para suprir as necessidades de 10 bilhões de pessoas de maneira segura e sustentável.

Para a chefe do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis do PNUMA, é necessário considerar todo o sistema alimentar, da produção ao consumo, e entender cada um de seus componentes – por exemplo, como eles se relacionam e quais seus impactos imediatos e de longo prazo.

A agricultura precisa ser reconhecida como uma solução para a perda da biodiversidade, as mudanças climáticas e a poluição. Faz-se necessário migrar para modelos regenerativos ou agroecológicos que contribuam com paisagens e ecossistemas mais saudáveis.

As políticas devem ser construídas com a colaboração de várias partes interessadas e devem abordar de forma abrangente os sistemas alimentares, valorizando o capital natural, promovendo o uso sustentável da terra, prevenindo a poluição e a degradação ambiental e possibilitando aos produtores a oportunidade financeira de inovar em modelos mais sustentáveis.

Além disso, também é essencial a mudança de comportamento por parte dos consumidores, no sentido de adotarem dietas saudáveis ​​e sustentáveis ​​e práticas de prevenção de desperdício de alimentos – através da educação, conscientização, fortalecimento de ligações urbano-rurais e ambientes alimentares acolhedores.

A sustentabilidade ambiental não é um luxo. Ela não pode vir do acaso ou de uma reflexão tardia. Pelo contrário, ela é essencial para a sobrevivência humana. Agora, mais do que nunca.

Atuação do PNUMA

O PNUMA apoia a transição para sistemas alimentares globais que afetem positivamente a nutrição, o meio ambiente e os meios de subsistência dos agricultores.

Para contribuir com o Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis ​​da One Planet Network, a agência da ONU liderou o desenvolvimento de uma diretriz para a formulação de políticas colaborativas e a melhoria da governança.

O PNUMA também é responsável pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3, que compromete os Estados-membros a reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita do varejo e do consumidor.

Com o Índice de Desperdício de Alimentos (Food Waste Index, em inglês), o PNUMA está moldando os dados globais de desperdício de alimentos e preparando uma metodologia harmonizada que permitirá aos países acompanhar o progresso rumo ao ODS 12.3.

 

ODS 12.3 Índice de desperdício de alimentos

ODS 12.3: "Até 2030, reduzir pela metade o desperdício global de alimentos per capita nos níveis de varejo e consumidor e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo perdas pós-colheita."

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12: Garantir padrões de consumo e produção sustentáveis, contém uma ampla gama de metas, uma das quais está intimamente relacionada com Think.Eat.Save. A meta 12.3 do ODS busca reduzir pela metade o desperdício global de alimentos nos níveis de varejo e consumidor, bem como reduzir a perda de alimentos durante a produção e o fornecimento. Para medir o desperdício e as perdas alimentares, dois índices foram propostos: um Índice de Desperdício Alimentar (FWI) e um Índice de Perda Alimentar (ILF).

Com base no trabalho do Padrão de Relatório e Contabilidade de Perdas e Resíduos de Alimentos (Padrão FLW), o Índice de Resíduos de Alimentos está atualmente em desenvolvimento na ONU Meio Ambiente. O FWI medirá toneladas de alimentos desperdiçados per capita, considerando um fluxo misto de produtos desde o processamento até o consumo. O Índice de Perda de Alimentos já foi criado pela FAO, examinando a perda de alimentos ao longo de atividades de abastecimento, como produção, manuseio e armazenamento e processamento. Juntos, esses dois índices representarão o ODS 12.3 em sua totalidade.

O Meio Ambiente da ONU e a FAO estão trabalhando com outras partes interessadas internacionais para estabelecer metodologias e orientações detalhadas. Para obter mais informações, visite a página do SDG 12.3 .

  


TOTALMENTE ERRADO

"Teremos alimentos para todos em 2050. A questão é saber se eles serão distribuídos"

Ria Hulsman, gerente regional para América Latina da Universidade de Wageningen, veio ao Brasil em janeiro para participar do seminário Fruto (Foto: Leandro Martins/Fruto )

A população mundial deverá ser de quase 10 bilhões de pessoas em 2050. Para alimentar tanta gente, a produção de alimentos terá que aumentar 70%, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A grande questão é: conseguiremos atingir essa marca? Ria Hulsman, gerente regional para América Latina e Caribe da universidade holandesa de Wageningen, acredita que sim. “Nós já estamos produzindo muita comida e aumentando um pouco poderíamos alimentar todo mundo. Mas não é apenas uma questão técnica. É também política”.

Ria conversou com Época NEGÓCIOS e falou sobre os desafios de alimentar a população mundial, como serão as fazendas do futuro e revelou sua grande preocupação. "Estou muito preocupada com a situação na África, onde a população está crescendo muito rapidamente, a terra está degradada e os efeitos das mudanças climáticas são muito intensos. Lá haverá falta de comida. Em outras partes do mundo, não. Então, teremos comida o suficiente, mas não no lugar certo".

Estamos trabalhando na velocidade necessária para evitar a falta de alimentos em 2050?
Podemos olhar para essa questão com focos diferentes. Pensando tecnicamente, nós já estamos produzindo muita comida e aumentando um pouco poderíamos alimentar todo mundo. Mas não é apenas uma questão técnica. É também política, de economia e poder. Todos esses fatores resultam em um problema de má distribuição e influenciam nessa missão de alimentar o mundo em 2050.

O Brasil é protagonista para atender a demanda mundial por alimentos e terá que aumentar sua produção em 40%. Você tem visto trabalhos importantes acontecendo por aqui nesse sentido?
Sim, há alguns bons exemplos no Brasil de como você pode recuperar áreas degradas. Acho o trabalho da Embrapa muito importante. Essa organização tem feito muitas pesquisas em diversas partes do Brasil, inclusive, com fazendeiros. Além disso, vejo que aqui vocês estão cultivando alimentos em algumas áreas das cidades. São Paulo, por exemplo, é muito verde. Quando dizem que 12 milhões de pessoas vivem aqui, você pensa que tudo é concreto. Mas quando você chega, vê um grande número de árvores, plantas e iniciativas para que os consumidores cultivem alimentos em áreas urbanas. Isso é positivo.

O quão importante é o trabalho de agritechs e foodtechs na recuperação de terra e produção de alimentos?
Esses empreendedores são muito poderosos, criativos, inovadores e cheios de energia. Essas características são fundamentais para encontrar soluções para os problemas. Nem todas pessoas e empresas têm essa mentalidade. Por isso, as startups serão muito importantes para encarar esse desafio de produzir mais.

Como você acredita que serão as fazendas do futuro?
A grande maioria vai ser de agricultura intensiva e de grande escala. No Brasil, vocês já estão bastante dedicados à produção de soja e milho. Esse processo vai continuar, mas teremos algumas mudanças na produção. Os vegetais, por exemplo, vão ser cultivados nas cidades. Também haverá cada vez mais espaço para produtores orgânicos e outros mercados de nicho. Acho isso muito importante, pois ao mesmo tempo que a produção de alimentos vai se tornando um desafio maior, os consumidores também ficam mais interessados em saber a origem das coisas. Embora as pessoas vivam nas cidades, elas gostam da natureza e sempre vão querer saber como está sendo o cultivo daquilo que consomem.

Afinal, vamos ter comida o suficiente para todos em 2050?
Sim, nós vamos ter. A grande questão é se essa comida vai ser bem distribuída. As técnicas de cultivo são controláveis, mas a política e os seres humanos não. Estou muito preocupada com a situação na África, onde a população está crescendo muito rapidamente, a terra está degradada e os efeitos das mudanças climáticas são muito intensos. Lá haverá falta de comida. Em outras partes do mundo, não. Então, teremos comida o suficiente, mas não no lugar certo.


Cada um dá a opinião que quer. Não há futuro em aumentar a produção. Para 2100 terá que se aumentar a um crescimento geométrico. Há alternativas. Controle de natalidade, porque não podemos crescer a esse ritmo. Controle dos desperdícios. Isto é meter a cabeça na areia, quando se diz que os países têm que plantar mais milho e soja. Mas estamos a falar de uma coisa que se chama Época negócios.

  

SER

Ser ambientalista não é um culto, nem sequer deve ser encarado como espírito de missão. Basta apenas reconhecer que tem que se viver de forma sustentada em equilibrio com todo o resto do ecosistema. O simples facto de existirmos ( como existem árvores, animais, bactérias e virus) da forma como o fazemos, é terrívelmente perigoso. 

Não há como existir sem fazer lixo, sem deixar a nossa pegada carbónica, mas podemos fazê-lo de forma a minimizar os prejuízos. A única e verdadeira missão de um ambientalista é viver desse modo e convencer o parceiro do lado da justeza das intenções. 

Claro que está em marcha uma guerra, porque tem muita gente que acha que o presente é que importa e que se dane o futuro dos nossos filhos. De qualquer modo, tudo está interligado e o caminho ou é feito ou o planeta se encarrega de o fazer.

Tenho-me batido pelas energias alternativas. O uso de combustíveis fosseis está na primeira linha do aquecimento global. Um estudo feito sobre lareiras em casa, mostrou resultados devastadores. O uso de energias fosseis para alimentar fábricas e outras formas de produção, já obrigou os países (nem todos), a reverem os seus protocolos.

O consumo desvairado de água, usado para todos os fins tem de terminar, porque os recursos hidricos estão no fio da navalha.

O abate de animais por esse mundo fora,conduz à desflorestação, à desertificação, à poluição irreversível dos lençóis freáticos, às chuvas ácidas, etc. As capturas intensivas com arrastões de fundo, são terrívelmente predatórias das espécies a capturar, como das espécies que não eram para capturar, e que vão servir para fazer farinhas para alimentar...os gados.

O plástico deveria ser abolido imediatamente. Ainda assim se está a ler isto, pare com os plásticos e aconselhe o seu amigo do lado a fazer o mesmo ( nada do planeta está livre do plástico, nem os nossos pulmões).

Como cidadão comum o que posso fazer?

Envolver-me com organizações ambientalistas sérias; usar a água de forma sustentada (tomar banho de imersão gasta 300 litros de água, tomar banho de chuveiro gasta 20-30 litros); reduzir aos mínimos o consumo de proteínas animais, tornar-me tendencialmente vegan. Se nós deixarmos de comer carne, vão produzi-la para vender a quem?; olhar para outras culturas e outras formas de alimentação; estar na linha da frente no combate às grandes queimadas, feitas pelos exploradores de gado e plantadores de soja; batalhar por santuários da vida animal tanto em terra como no mar; boicotar alimentos obtidos em regime de cultura intensiva ( tanque marítimos de produção de peixe e pecuária intensiva); assim que possível deixar os transportes movidos a combustível.

No geral, temos de mudar de vida e de comportamentos. Temos de pressionar para que o ambiente seja um tema desde o início escolar, em escolas com energias alternativas, com cantinas consequentes e com consumos de água razoáveis. E, na verdade a escolha é nossa. Só nos vendem aquilo que nós quisermos. Ainda que esteja isolado, se cada um convencer uma pessoa mais, a batalha será ganha.