quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

MINHA VIDA, MEU PAÍS

Uma imensa savana dourando ao sol

Ondulando em cada dia  nos ventos setentriões

Um último raio de sol oblíquo, na despedida do dia

Um beijo roubado à pressa num momento fugaz

Uma lembrança inesquecível dobrada no tempo

Fotografias antigas acastanhadas de tantos anos

O  voo rasante de um gavião em busca da presa

A carícia do vento de fim de tarde me abraçando

Farrapos de cacimbo pingando em manhãs friorentas

Rios de chegar e partir, carregados de  memórias

A dor insuportável de ver subir  quem não devia

A alegria de um dia de pesca no mar distante

Um poema de amor de Neruda, e uma canção de ninar

A certeza de que sempre haverá madrugadas

E mulheres e meninos ocupando a casa do meio

Um quarto longe do mundo e um abraço ternurento

Uma queda de água trovejando numa caverna

Uma fenda na montanha rachando o planeta

O  olhar firme de uma gazela te mirando inquieta

Estar deitado na areia quente memorizando estrelas

Ouvir o bolero de Ravel numa noite de tempestade

E os  lobos da memória rondando implacáveis

Minha terra, meu país, minha vida, meu amor


Lobito, 24.12.2020

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

IMAGINAÇÃO

 

A imaginação é a memória que enlouqueceu (Mário Quintana). 

A frase mais saudável que alguma vez vi.

Que importa se são verdes os cavalos do vento, ou se alguém pendura memórias num varal?

É insano fazer poemas submersos, onde se pode cavalgar o medo ou dobrar  tempos e marés?

É loucura sonhar com noites vagabundas, ou sentar-se sereno no dorso de um arco-irís?

Serei tresloucado por caminhar entre rios e nuvens com um sorriso, sempre com o meu imbondeiro debaixo do braço? Ou por constantemente sonhar com um quarto longe do mundo, na dobra de anos passados?


"NO COMMENTS"

 O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, questionou os possíveis efeitos secundários das vacinas contra o novo coronavírus, dando como exemplo a da Pfizer/BioNTech, e afirmou que não há garantia de que o fármaco não transformará quem o tomar "num jacaré".

"Lá no contrato da Pfizer, está bem claro: nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito secundário. Se você virar um jacaré, é problema seu", disse Bolsonaro, que questionou em várias ocasiões as vacinas e a gravidade da pandemia que já fez quase 185 mil mortos no Brasil.

"Se você se transformar em Super-Homem, se crescer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles (Pfizer) não têm nada com isso. E, o que é pior, mexem no sistema imunológico das pessoas", continuou Bolsonaro durante um evento realizado na quinta-feira, na Bahia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

RACISMO

Esta semana, correu mundo a notícia que Cavani, exímio jogador de futebol, foi punido pela Federação inglesa de futebol, por linguagem imprópria.

O motivo foi, que em resposta a um post de um amigo, respondeu com outro em que dizia: Gracias negrito, o que para qualquer pessoa mínimamente inteligente é até um post carinhoso e demonstrando nenhum, absolutamente nenhum laivo de racismo.

Ou a Federação inglesa de futebol não sabe o que é racismo, ou então são uma cambada de racistas da mais fina estirpe. Claro que nas redes sociais, criaram-se dois tipos de movimentos, pró e contra. Apraz-me dizer que a ignorancia é seguramente a pior forma de racismo que há.

Para toda a massa imensa de burros, que por aí circulam, apenas posso desejar feliz Natal, com Pai Natal, caucasiano, negro mongol, árabe. É fundamental que pertença à raça humana.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

NOTÍCIAS DE CÁ

 Tornou-se moda, falar mal de Angola, dos seus dirigentes e mesmo de quem vive cá e o propósito é sempre o mesmo. Uns por desconhecimento, outros por incultura, outros porque são mesmo racistas e outros por fins inconfessos e desejos de supremacia regional, querem desestabilizar não só Angola, mas também o eixo Angola-Namíbia-África do Sul.

Há já muitos anos, que tal acontece. Coisa de colonizadores rascas, que já vem dos tempos do “kaparandanda”, que não há maneira de aceitarem, que se foram embora e não voltaram. Não porque não lhes fosse permitido, não porque não pudessem reaver os bens. Não porque não lhes fosse permitido cá ficar e terem como todos a nacionalidade angolana.

Acredito, sei com segurança, que foram tempos muito difíceis, que em certas áreas foi necessário fugir para salvar a vida, e que muita gente boa foi embora, no pânico que se criou. Sei que uma parte regressou e muitos ainda se encontram por cá. Sei também, que a maior parte optou por ficar nos países para onde foi, aí fazendo a sua vida calmamente até hoje.

Sei ainda e sou testemunha disso, que uma das primeiras decisões após a independência, foi dar um período para o regresso de quem tinha ido, e com total devolução dos bens a quem provasse que lhe pertenciam. Aconteceu a muita gente, como todos devem saber.

Mas fica aquela enorme quantidade de gente e seus descendentes que sabe-se lá porquê, parece ser melhor dizer mal de tudo e continuar nas redes sociais, a fingir que morrem de saudades, a publicar fotografias das “suas” casas, da “sua” Praia Morena, das paisagens incríveis que estão estragadas. “Amigos”, se eu quisesse fazer de Portugal um país miserável, que não é, bastaria pegar numa máquina e começar a tirar fotografias do Casal Ventoso, ou do Bairro da Jamaica, ou de outros bairros iguais espalhados por esse país.

Ainda há outra variante. Gente com pouca ou nenhuma formação que se foi embora, e que regressaram “doutores”. Vieram aqui tentar abanar a árvore. Tiveram que voltar a ir embora, e esse são os piores detractores, porque afinal do alto da sua esperteza não conseguiram enganar ninguém. Um dia em que eu esteja realmente muito aborrecido, vou começar a identificá-los, obviamente com provas do que digo, ao contrário das suas declarações sem qualquer substracto válido para as manter.

Se para formar uma opinião, eu dependesse de gente como Luaty Beirão, que parece que de profissão é DJ e que vive e viaja sabe-se lá com que dinheiro, eu estaria muito mal. Como estaria muito mal, se dependesse dos vómitos diários da SIC e outras estações sobejamente conhecidas.

Um conselho: se amam assim tanto esta terra, venham para cá viver, ou no mínimo venham cá de vez em quando, de alma limpa e com a visão em condições. Não é fácil, as dificuldades de um país em construção são mais que muitas, mas vale a pena. Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, ideia chave extremamente feliz do nosso Presidente, consequente. Hoje, estamos melhor que ontem. Escolas, estradas, centros de saúde, hospitais, indústria, agricultura, justiça, diamantes, petróleo, ferro, barragens, solidariedade para com os mais pobres, um pouco por todo o lado. Amanhã acredito, continuaremos a estar melhor. Devagar, cada vez importamos menos, devagar vamos ficando auto-suficientes, iremos (já estamos) exportar.

E nunca vi nas redes sociais qualquer referência aos PIIM, ou ao projecto KWENDA, ou ao programa massivo de ajuda à criação de auto-empregos, ou a tudo o que aqui se faz para melhorar a vida dos angolanos. Venham e vão ao Cunene, Cuando-Cubango, Lundas, Moxico, Bié, Huambo, Lubango, etc e vejam. Não acreditem, venham ver o que este país está a fazer sem vocês.

Se de todo, não querem regressar, venham ver. Não falem apenas por ouvir dizer nas redes sociais. Não acreditem no que vos dizem, sem pelo menos conseguirem perceber se vos estão a mentir ou não. Esta é uma nação arco-iris. Aqui vivem, convivem, gente de todas as raças e credos. Muito de vez em quando, há sinais isolados de racismo e xenofobia, como em qualquer outro país, porque aqui também há gente que não é boa. As directrizes governamentais são muito claras e rigorosas e o nosso Presidente não se cansa de afirmá-lo: Angola diz claramente não ao racismo e à xenofobia.

Angola não é para fracos. África não é para fracos.

Não insistam, que não vos leva a lado nenhum, só gastam o vosso tempo com inutilidades.

E aqui, ninguém se importa. No máximo, olhamos perplexos para essa indisposição vossa, mas no final a caravana continua a passar.

 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

FORMADORES DE ?


FORMADOR DE OPINIÃO é uma pessoa que tem capacidade de influenciar e modificar a opinião de outras pessoas no campo político, social, moral, cultural, económico, desportivo, alimentar etc.  As opiniões podem pertencer a grandes grupos do pensamento humano, como opção religiosa , tendência política, comportamento sexual, torcidas desportivas, preferências pessoais, etc.



Sempre houve, mas actualmente tornaram-se "profissões" com estatuto, diferenciadas, reverenciadas.
Aparentemente ninguém já tem opinião, deixando que estes sábios formatem a sociedade inteira da forma que melhor entendem. O rebanho espera-se vai todo atrás.
Não parece, não é a melhor forma de adquirir a nossa própria opinião, balizada por todo o mundo de informação, de convivência, de leitura, de amizades, de solidariedades, que se encontram permanentemente ao nosso dispor.
Parece haver uma profunda displicência, no trabalho de formar opinião própria, como parece também que a opinião actual se faz à custa de redes sociais, do que aparentemente é políticamente correcto e do que é em determinada altura visível para os outros.
Na Alemanha, em 1939 deu no que deu, embora muita gente já ignore os acontecimentos e alguns até os neguem.
Força camaradas. Larguem a preguiça, informem-se, leiam, cultivem-se e façam as vossas próprias escolhas.
Interessa-me a notícia em si. Não quero saber de opiniões sobre a mesma. Quero ser eu próprio a formar a minha opinião.
Não entrem no "Je suis Charlie", só porque é giro e vos dá um aura de rebeldia, e aparecem na televisão num fugaz momento de fama.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

DE REPENTE...

 





De repente no século XXI, começou a falar-se insistentemente de racismo e xenofobia.

Por todo lado.

Não que já não existisse antes, mas o fenómeno retornou.

De repente, surgiram movimentos a favor dos negros, amarelos, azuis, brancos, roxos.

Um pouco por todo o lado também.

Eu, principalmente eu que sou médico, que já fiz ao longo da vida milhares de intervenções em gente de todas as cores e estratos sociais, fico perplexo, porque eram todos iguais.

Ninguém por ser amarelo ou azul, tinha o fígado à esquerda, ou o cérebro na barriga.

Todos, mas literalmente todos iguais.

A mesma ansia de viver, os mesmos anseios e desejos, a mesma solidariedade ou não, os mesmos empregos, os mesmos vícios e virtudes.

Seres humanos apenas, nada mais do que isso.

Racismo e xenofobia não são uma doença que se trate, porque ainda não há medicina para isso.

São uma deformação da alma, aparentemente sem remédio.