quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

COVID

Nestes dias alucinados, em que todos andamos obsessivamente à volta da pandemia, e em que muitos amigos e amigas se sentem no limite e sem saber o que fazer, apetece-me dar-lhes o meu ponto de vista.

 Sabemos hoje muito mais do que sabiamos há um ano. O vírus espalha-se através das goticulas, que vêm com os espirros, tosse. Não há outra forma de se espalharem.

A mortalidade embora assustadora dado o número de infectados, é baixa, mas a escala de infectados é enorme e portanto os números de mortos são enormes. O Brasil tem hoje 10257875 de infectados, 9189903 de recuperados e uma mortalidade 248 529, o que equivale a uma mortalidade de 2.4% e a uma recuperação de 89.6%.

O controle é difícil, por várias razões. Porque os governos não tomaram as medidas correctas e porque a população está longe de colaborar como deve. Provoca ajuntamentos, raramente cumpre com as normas, ignora os riscos.Todos temos culpa desta falta de controle, os governos dos diversos países nem sempre estão vocacionados ou disponíveis para enfrentar este problema, e afinal nem é muito difícil. Basta lavar as mãos com frequência, usar máscaras apropriadas, evitar ajuntamentos e fazer um confinamento correcto.

Nemhum serviço nacional de saúde está preparado para isto. Se pensarmos em todos os infectados dirigindo-se para as urgências, ainda que a maioria seja assintomática ou com sintomas ligeiros, perceberemos rápidamente que as urgências vão colapsar. Se um hospital receber 100 doentes a necessitar de suporte ventilatório, seguramente que o sistema vai colapsar. Nenhum hospital em lado nenhum do mundo, tinha ou tem centenas de ventiladores e pessoal para os manobrar, nem tão pouco estrutura física para isso. Então o que resta é ajudar a que a pandemia seja contida, colaborando, cumprindo as normas, pressionando para medidas eficazes.

É óbvio, que há muitas particularidades. Devem abrir-se as escolas? Os restaurantes? Os transportes públicos? Os estádios? As praias? Os mercados?

A resposta não é fácil, apenas porque ninguém cumpre as regras. Por outro lado, não é possível manter indefinidamente os países em confinamento. Pessoalmente, acho que com todas regras de biosegurança cumpridas, devem abrir-se as escolas. Trata-se de populações muito jovens, que dificilmente terão problemas sérios com o covid, e que irão ajudar à imunidade de grupo. E já está provado que nas escolas que cumprem estas medidas simples, os casos que surgem são de apenas 0.3%.

O covid veio para ficar, tal como a gripe e outras viroses. É tempo de ter toda a calma do mundo, pressionar os governos para que se tomem as medidas correctas, iniciar as campanhas de vacinação ( que não darão imunidade permanente), e seguir em frente. E depois irão surgir anualmente vacinas, tal como para a gripe, adequadas às mutações que o virus for sofrendo. E tal como com a gripe, a maioria das mutações anuais serão benignas. Apenas de vez em quando surgirão mutações mais violentas como também acontece com a gripe.

LAVEM AS MÃOS; USEM MÁSCARAS APROPRIADAS; MANTENHAM DISTÂNCIA DE SEGURANÇA

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021


Aparentemente quem nasce num determinado país tem essa nacionalidade. Pelo menos é o que dizem todas as constituições.

Mas, nas voltas da vida e nos dias actuais, o planeta tornou-se mais pequeno e toda a gente vive em todos os lugares. A nacionalidade no seu sentido mais profundo deixou de ser uma marca geográfica, tornando-se em muitos casos uma questão de amor. Muita gente opta por determinada nacionalidade, por conveniência, porque casou, porque teve filhos,  por  um  número  quase                                                                                                        infinito de razões, mas deveria haver nacionalidades por amor.  O meu país, a minha casa, é onde eu me sinto bem, feliz, realizado. É onde a minha alma sente que está no sítio correcto, onde se identifica com o que a rodeia, tem  uma ligação telúrica profunda à terra. O meu país é aquele que vincou a minha maneira de ser, que me obrigou a ser o que sou hoje, e que sem margem para dúvidas me fez regressar definitivamente. 

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

PEQUENO PONTO AZUL


Estar na Estação Espacial e olhar para este nosso planeta, mostra-nos como ele é lindo nos seus tons de azul. Já Carl Sagan o dizia: este pequeno ponto azul...

De lá não dá para ver, mas moram aqui espécies raras, únicas, milhões delas, cada uma com a sua beleza exótica. Moram também humanos, de todas as espécies, com olhos azuis, verdes, roxos, com todas as cores imaginárias de cabelos, com diferentes particularidades infinitas, um verdadeiro milagre da vida. todos diferentes, todos humanos.

Não é difícil imaginar o dia em que iremos reconhecer-nos por tudo o que temos em comum, como não é difícil imaginar que virá o dia em que os esforços serão colectivos. Talvez vá demorar, mas é inevitável que chegará o momento em que nos reconheceremos habitantes da mesma casa, com os mesmos anseios e expectativas. Nesse dia, teremos dado um grande passo, porque o que falta apenas é harmonia e respeito por todas as espécies.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

PALAVRAS

Um precipício de palavras jorrando em cascata. Desfazendo-se lá em baixo sem nenhum som. Saídas de nenhuma boca, apenas flutuando nos rios da memória de cada um. Muitas delas inúteis, perderam o significado ao longo desta viagem. Outras, marcando pilares nos caminhos percorridos e naqueles adiante. Muitas vozes silenciosas foram esquecidas. Algumas, apenas algumas, ressoam insistentemente na espuma de todos os dias. Quanto mais se anda nesta vereda, mais as palavras ganham sentido, melhor são escolhidas.
E dessa, muito poucas, raras, são sementes na construção dos alicerces da vida.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

LUNDA NORTE

O facebook é um verdadeiro esgoto a céu aberto. Infelizmente, muita gente decente anda por lá, mas esses vale a pena considerar. De uma forma geral, não me prendo às redes sociais. Calhou ver alguns desses vómitos, relacionados com o que aconteceu na Lunda Norte.

A igreja, os correligionários do costume, todos os ressaibiados, todos aqueles que embarcam nestas coisas, apenas porque lhes parece bem e oportuno, desataram a falar mal de Angola:  falta de transparência, nada de democracia, a lei do mais forte, violência desproporcionada, enfim, todos os direitos humanos atropelados. Acredito, que uma pesquisa a essa gente iria revelar que a maior parte nem sabe o que aconteceu na Lunda Norte, e os restantes têm uma agenda política, que todos nós conhecemos. Foi uma "manifestação" mais uma vez manietada pelo MPLA, dizem.

Bom, vamos a factos. De facto foi uma manifestação às quatro da manhã, com cerca de 300 pessoas, fortemente armados ( metralhadoras, caçadeiras, catanas e afins), com intenção de tomar o comando da polícia e hastear uma bandeira qualquer. Portanto, não foi uma manifestação, foi um acto de rebelião, comandado por algum responsável do reino Tchokwe, com tendências separatistas.

A polícia ripostou como devia, e nesse encontro morreram dois agentes da autoridade. Do outro lado, morreram uns quantos, mas esses não me interessam, interessam-me os agentes deste meu país, que segundo a Constituição é uno e inviolável.

Felizmente, o Comandante Geral da Polícia, em conferência de imprensa, avisou que a resposta a actos deste género será sempre desproporcionada. Todos têm de saber o que os espera, se atentarem contra a soberania nacional.

É aqui nesta altura, que cabe dizer-me: que se danem os mentecaptos que vêm agora invocar os direitos humanos, a liberdade de expressão e outras coisas semelhantes. Há muito tempo que todos nós os conhecemos. E esses direitos, liberdades e garantias, estão garantidos.