Este fim de semana, com o meu grupo de amigos embrenhei-me mato adentro, até não haver mais vestígios de civilização.
Savana semi desértica, na continuação para norte, do deserto do Namibe. Nem vivalma, nem ruído de nenhuma espécie. Até onde a vista alcançava, apenas a savana e montanhas no horizonte longínquo. Apenas um gavião planava nas ondas de calor, que tremiam no ar desenhando miragens. Debaixo de uma espinheira, colocamos uma mesa de campanha com as comidas e bebidas que levávamos. Com música de fundo de um dos carros, estivemos em amena cavaqueira até ser quase noite.
Depois regressamos, e quando estávamos a entrar na cidade, o sentimento de todos era de perda profunda. A comunhão com a terra, no sentido mais telúrico do termo tinha terminado. É difícil de explicar, a quem vive noutras paragens, a enorme sensação de pura liberdade quando estamos no “mato”. O quotidiano das nossas vidas simplesmente dilui-se, o tempo pára. E é aí, que podemos murmurar todos os factos importantes da nossa vida, sem medos nem arrependimentos.
JANEIRO, 2021
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